Boas Vindas

"Quando o Nada e o Vazio se juntaram, criaram Arton e os vinte Deuses do Panteão... Blá, blá, blá. Adianta até a parte onde eu ganho XP!!!"

22 de fev. de 2011

A Bárbara e o Necromante - Parte 1

Saudações. Vou aproveitar o pouco tempo livre que tenho essa manhã, e vou apresentar uma crônica que estou escrevendo, baseado no mundo de Tormenta. Espero que gostem.









...Ao anoitecer, a marcha dos guerreiros prosseguia firme. A noite insistia em amendrontar aqueles que poucas ou nenhuma batalha viram. O ambiente também não era de grande valia para os corajosos, as áreas pantanosas de Lamnor-Leste eram úmidas, o frescor da noite não chegava, apenas a bruma brilhante, verde e fedendo à musgos que percorria por entre às árvores retorcidas fazendo curvas, como um rio caudaloso. Mesmo assim, eles deveriam passar por ali, não podiam parar, não conseguiriam mesmo se assim o quisessem. Qualquer tentativa de acampamento era em vão, barracas afundariam em barro e areia movediça, fogueiras não poderiam ser feitas em madeira úmida e fétida. E quase nada que vivesse ali era comestível...

O pequeno grupo seguia em fila indiana, ordenados pelo seu valor em batalha e assegurando os mais frágeis no centro. Eric seguia logo atrás, acompanhado por seus novos colegas, Furion, Allister e Gruumd. O primeiro, um experiente clérigo de Keen, de cabelos loiros e curtos, barba rala, musculoso e com mais cicatrizes de guerra que muitos servos de Thyatis. O segundo, espião, um jovem elfo de cabelos brancos, longos e presos, bem treinado mas poucas vezes viu uma batalha. E por fim, Gruumd, anão guerreiro, calvo, de barba longa e ruiva, seu machado era da sua altura, e mesmo assim ele o empunhava com a leveza de um florete. O necromante parecia muito bem protegido em meio a imundície daquela charneca. A última tentativa de infiltrar a Aliança Negra e conhecer seus planos falhou miseravelmente, e o Reinado insistiu no máximo de segurança para os novos "sabotadores".

E Eric estava ali também. Ele não era um braço forte, nem sabia ser furtivo, muito menos era perito em estratégia. Ele não tinha nenhuma ferramenta útil para o grupo, mas estava ali mesmo assim.

Eric era o guia.

Já caminhavam há horas, madrugada úmida adentro. Cada passo naquele lodaçal forçava ainda mais o pé para continuar andando. Os mosquitos e pernilongos eram companheiros indesejados, e o suor não evaporava. A cota de malha e a loriga de couro causavam febre no corpo já fervendo. Mas o grupo seguia. Ao amanhecer estariam em Randraak, um acampamento goblinóide abandonado onde descansariam e logo começariam a espionagem. Mas o pântano era o problema, minutos de silêncio estavam deixando muitos dos soldados mais alertas. Silêncio nunca era bom presságio, e aquela noite não seria diferente.

De súbito, os grilos recomeçaram. E ainda mais súbito foi o bote. Um enorme predador aparecera, escondido em um atoleiro insuspeito, o crocodilo gigante retorceu o corpo para a direita, e em um único movimento abocanhou Allister pelo tórax, arrastando-o para dentro da poça. Antes mesmo de qualquer um sacar as armas, Allister não mais vivia, a pressão da mandíbula do réptil despedaçara-lhe a vértebra, e após esta pulmões e coração perfurados pelas próprias costelas quebradas.

Nenhum dos três que restaram mostrava medo. Furion, pela sede de vencer tão formidável oponente. Gruumd, pela raiva de perder um aliado crucial na missão. Eric, por saber como a morte realmente funcionava.

Depois de entrarem na formação, Furion e Gruumd avançaram deixando Eric preparando seus mortos-vivos. Em direções opostas, visavam a cabeça e o pescoço do animal. Este, que estava retorcido, largou o corpo flácido do elfo e impulsionou o corpanzil para o lado oposto na direção do anão, que por pouco não teve a cabeça como aperitivo. A lâmina de Furion enterrou-se com dificuldade no dorso do crocodilo, que outra vez retorceu-se girando pescoço e cauda na direção do seu agressor. Furion esquivou da mordida, mas não percebeu a cauda que o chicoteou contra uma árvore, o choque quebrara um dos seus braços.

Enquanto isso, Eric entoava suas palavras místicas, torcendo para que qualquer cadáver estivesse próximo para ouvir seu chamado.
Por sorte, havia um. E após entoar outra série de palavras, o cadáver era remontado e erguia-se nas patas apodrecidas, Eric tinha reanimado outro crocodilo, embora menor que o inimigo atual, sabia que gastar tanta energia era arriscado, mas seus colegas precisavam de toda a ajuda.

Furion quebrara o braço esquerdo, e o escudo não lhe era mais de valia. Confiava cegamente na sua habilidade com a espada e era orgulhoso demais para se deixar vencer por um ser irracional. Eric gritava a plenos pulmões para que ele voltasse e tentasse se recuperar, mas em vão. Furion lançara-se, deixou de lado suas estratégias, técnicas e prudências, de maneira rude e grotesca a espada penetrou no olho do animal. Este não se abatera, e aproveitou a fraqueza do seu algoz para abocanhá-lo, dessa vez com perfeito sucesso.

Enquanto Gruumd via Furion ter a cabeça arrancada, Eric comandava o seu réptil-cadáver para atacar. Mas a besta era muito maior, e mais ágil. Logo, o cadáver voltou ao estado antigo, pedaços podres. Gruumd aproveitava para atacar mas seu tamanho não era um bom aliado contra o couro rijo. E logo Eric estava sozinho, pois o crocodilo rolara sobre o anão esmagando-o fatalmente antes que pudesse reagir.

O necromante sempre trabalhara com a morte, estudando seus modos de agir, a anatomia do que já não mais vivia, a alma e a mente do corpo separados e analisados aos olhos críticos e ortodoxos do mago. Pela primeira vez Eric pensou em como seria a sua morte, em sua mente perguntas ainda não respondidas se repetiam. "Pra onde vou depois daqui?" "O que me espera lá?" Um misto de medo e euforia. Ele não desejava a morte, mas a aceitaria se não tivesse opção.

Ainda tinha energia mística suficiente para cegar o animal. Mas de nada adiantaria, pois a besta usava a vibração do chão para o localizar. Eric escolheu conjurar um raio negro de trevas, em vão. Estava de costas para uma enorme árvore de raízes finas. O mangue, a lama e os mosquitos roubando sangue. A fera avançou uma última vez. E todo o ruído cessou...

A mordida iminente deu lugar a uma lâmina longa cruzando o crânio do réptil. Eric abriu os olhos, e viu a bocarra aberta do crocodilo repousando a centímetros dele, suas vestes empapadas com sangue frio. Com o olhar borrado, ele não notou o vulto que se aproximava, aquele que havia vencido o crocodilo. Sentiu quando os braços firmes o levantaram e, carregado, tentava falar com o seu raptor, ou seu herói, mas as forças fugiam pelo seu esforço com as magias e logo adormecera. Seus aliados haviam perecido, a missão foi um fracasso...

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2 comentários:

Danna - For The Horde! disse...

Muito bem elaborado essa primeira parte da história! parabéns ^^

Os personagens mortos me lembraram senhor dos anéis XD
ainda bem que morreram, não queria ler outro clichê/imitação hehehe

Estou curioso para ler a segunda parte o/

Vane disse...

Muito bem escrita esta história, gostei bastante! Espero pela segunda parte, agora, ^^

Então a bárbara tirou um crítico, huh? Hahahaha, pobres animais do mestre...

Abração!